domingo, 9 de dezembro de 2012

Em um mundo onde tudo é tão corrido e cinza eu parei por um segundo apenas pra te observar, justamente porque você tinha cor, você chamou atenção. Você tinha luz e o mais impressionante é que mesmo quando os holofotes se apagavam, você continuava brilhando. Foi o segundo mais longo de toda a minha vida, eu me senti como em um daqueles filmes americanos onde a moça para pra ver a televisão na vitrine da loja e no reflexo do vidro as pessoas continuam passando atrás dela, apressadas, sem olhar para os lados, sem ao menos nota-la ali. É normal não ser notada, mas até hoje me pergunto como eles não notaram você. Eu te olhei por algum tempo e tentava entender você – acho que não te entendi até hoje – por incrível que pareça naquele momento eu consegui desviar o olhar, alguém gritou o meu nome e eu continuei andando, mas você nunca saiu da minha cabeça, e está até hoje. Aliás, você já ocupa um lugar bem mais complicado do que a minha cabeça, você foi capaz de habitar na grande bagunça que é o meu coração, você veio tão rápido que eu não tive nem mesmo tempo de arrumar - dizem que as coisas mais maravilhosas da vida surgem assim, do nada - e o mais incrível é que você ficou. Ficou e bagunçou tudo ainda mais, curou feridas que estavam abertas e abriu outras, mas o meu coração já se acostumou com você e talvez na verdade você tenha colocado tudo no lugar por ai, mas eu estava tão acostumada com a bagunça que pra mim é estranho e essas feridas abertas não fazem nem cócegas perto da dor que eu sentiria se você me deixasse. E aquele segundo que eu parei pra te observar durou até hoje, por mais que eu tenha continuado a andar quando me chamaram, acredito que só a matéria mesmo saiu, o amor ficou ali com você e eu nunca deixei de me virar pra te ver, e rever, e rever, e rever e quantas vezes mais me forem proporcionadas rever. Porque eu sinto como se estivesse esperado a vida inteira por aquele segundo que você brilhou no meio da minha escuridão.

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